Flor doTrigo
domingo, setembro 11, 2005
Pe Antonio Vieira e companhia
Padre Antônio Vieira, seu mano Bernardo
e o "Boca do Inferno"
Gregório de Mattos e Guerra
Soneto
que Bernardo Vieira mandou para seu irmão, Padre Antônio Vieira:
Se queres ver do mundo um novo mapa,
oitenta anos atende desta cepa
por onde ramos a cobiça trepa,
e emaranhada faz do tronco lapa.
Morde com dentes por não ter mais papa;
com língua fere, com as mãos decepa;
soldado e povo livra da carepa,
que na tarde e manhã raivoso rapa;
olhos de água, as faces de tulipa;
cada pé de joanete uma garlopa;
com um só corpo de chalupa.
O bofe muito, e muito pouco a tripa,
é a minha musa; porque nela topa
em apa, epa, ipa, opa, upa.
Resposta
do Padre Antônio Vieira, pelos mesmos consoantes:
Vê, Bernardo, da eternidade o mapa
deixa do velho Adão a geral cepa,
pelo lenho da cruz ao Empírio trepa,
começando em Belém da pobre lapa.
Mais que rei pode ser, e mais que papa,
quem de seu coração vícios decepa;
que a grenha de Sansão toda é carepa,
e a guadanha da morte tudo rapa.
A dor da vida se é na cor tulipa,
de seus anos também se faz garlopa,
que os corta, como o mar corta a chalupa.
Não há mister que o ferro corte a tripa,
se na parte vital o fado topa,
em apa, epa, ipa, opa, upa.
Soneto
Por consoantes que me deram forçados
Gregório de Mattos e Guerra, o "Boca do Inferno", entra na conversa:
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
com sua língua, ao nobre o vil decepa;
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa;
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa;
mais isento se mostra o que mais chupa;
para a tropa do trapo vão a tripa,
e mais não digo; porque a Musa topa
em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
e o "Boca do Inferno"
Gregório de Mattos e Guerra
Soneto
que Bernardo Vieira mandou para seu irmão, Padre Antônio Vieira:
Se queres ver do mundo um novo mapa,
oitenta anos atende desta cepa
por onde ramos a cobiça trepa,
e emaranhada faz do tronco lapa.
Morde com dentes por não ter mais papa;
com língua fere, com as mãos decepa;
soldado e povo livra da carepa,
que na tarde e manhã raivoso rapa;
olhos de água, as faces de tulipa;
cada pé de joanete uma garlopa;
com um só corpo de chalupa.
O bofe muito, e muito pouco a tripa,
é a minha musa; porque nela topa
em apa, epa, ipa, opa, upa.
Resposta
do Padre Antônio Vieira, pelos mesmos consoantes:
Vê, Bernardo, da eternidade o mapa
deixa do velho Adão a geral cepa,
pelo lenho da cruz ao Empírio trepa,
começando em Belém da pobre lapa.
Mais que rei pode ser, e mais que papa,
quem de seu coração vícios decepa;
que a grenha de Sansão toda é carepa,
e a guadanha da morte tudo rapa.
A dor da vida se é na cor tulipa,
de seus anos também se faz garlopa,
que os corta, como o mar corta a chalupa.
Não há mister que o ferro corte a tripa,
se na parte vital o fado topa,
em apa, epa, ipa, opa, upa.
Soneto
Por consoantes que me deram forçados
Gregório de Mattos e Guerra, o "Boca do Inferno", entra na conversa:
Neste mundo é mais rico o que mais rapa;
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
com sua língua, ao nobre o vil decepa;
o velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
quem menos falar pode, mais increpa;
quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
bengala hoje na mão, ontem garlopa;
mais isento se mostra o que mais chupa;
para a tropa do trapo vão a tripa,
e mais não digo; porque a Musa topa
em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa.
posted by Semida at 3:53 PM
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home